Vender Poesia - Chegando com o pé na porta de Vidro
E disseram que inútil é o artista
É que não discuto com mentiras
Meus que amigos que são tirados de metidos
Mas é pq são mais sabidos
É mais fácil identificar o erro no corre quando se está errando a uma cota nisso
É que agora eu entendi a Amy
Não raspei feito Britiney
Acabei com a voz tipo Axel
Foram tantos tiros como Kurtin
Mas queria um tiro tipo Ched
Ritmo é tempo, tempo é dinheiro
Logo se não tenho ritmo não tenho dinheiro
Doidera não conseguir viver sem
No balai nem cabe isso, no ônibus nem cabe o balai
É papo de vocabulário se recito no ponto
Hilário receber aplausos
E se tento explicar o que falo, sou interrompida pelo falo
Já tentou vender poesia às 7h da matina ?
Tá vendo o que eu tô vendo
Eu vendo o que noís ver
Vendendo o que eu tô vivendo, fazendo o necessário pra sobreviver
é que nem é trabalho se for feito por você:
“Te vi naquele dia, esse ai é das minhas
Mas faz de graça pra noís já que noís é cria”
Quer me ver de graça vai na rua, tô sempre lá
Quer me ver aqui, fácil só me pagar
Mas num é pra colocar preço, não sou Universal
Pra vender poesia como se fosse sal
Com meus manos eu até troco
Outros me dão o troco
Ilusório achar que não quer grana quem sempre passou sufoco
Já tentou vender poesia pra quem te conhece ?
Tamo junto porém eu primeiro
Eu te apoio porém depende
Porém não rende
Porém não vende
Já tentou vender poesia pra teus parentes ?
Ainda bem que eu tenho família
E nem falo só da rua
Sem preparação emocional para militar contra militante
Tem que lutar até pra tomar na bunda
Parece que foi a muito tempo
Mas foi tudo ano passado
Eu te entendo pai
Sei que com a vida a gente ganha rugas
Dor nas costas
Cerveja fica melhor que vodka
E se pudesse bebia o dia todo
Mas a gastrite não deixa
E o dinheiro a acaba
É que ainda tá osso moço, tem dias que não tiro nem do meu almoço, é carne de pescoço que só perde pro suã
Já não quero escrever sobre o sufoco moço, quero ter o suficiente pra ter conforto
Tipo uma lista de afazeres, comprar o público, fazer arroz
Falar pro teu filho que ele não pode ter um pobre
Não é carteira assinada mas todo dia eu bato ponto
Pode dar 50 reais só pelo pedido
Aproveita leva um Zine comigo
E se der mole, lanço outro livro
Pós espetáculo, profissionais que somos ainda vamos aos cumprimentos
Freestyle eu faço de graça
Poesia treinada me paga
Não do mole pra quem não conhece Cras
O corre não é por dinheiro
O dinheiro não move o corre
Sem grana o corre morre
É por falta de grana que os menor morre
É difícil firmar a cabeça sem nada no estômago
Eu que nunca passei fome não quero começar agora
Meu pai não foi comprar cigarros, foi vender trabalho pra domingo comprar refrigerante
Eu que fui comprar cigarros, mas prometi voltar num instante
Voltei ele já tava com 50 anos e eu herdando a mesma gastrite de antes
De mim sobrou a foto na estante
Foi nessa que parei de fumar câncer
Vontade de meter o pé pelas mão e acordar com a cabeça na lua
Já tentei trampar só com poesia, recitada falada
Jogada de marketing é ser bom no que faz
Elis, eles não são mais como os pais
Alguns deles nem tiveram pais
Paz, privilegiada sou eu crescendo com mãe e pai
Pai, mãe, mano, vô, vó, tio, tia
Se não ajuda na mudança não coloque mais peso nas costas
“Tá caro esse trampo, Assim cê me rouba”
É o preço da dola que eu já ia te fortalecer
Já tentou vender poesia pra quem nunca ouviu falar de você ?
Já tentou vender poesia virando a esquina ?
Já tentou vender poesia pra quem nunca te viu ?
Tendo que vender pra gringo, i m poet tio
Preciso me atualizar
Os revolucionários de Twitter migraram para o Facebook a tanto tempo que damos risada 3 meses atrasados
Preciso me atualizar
Pra continuar a vender
Aprendi a viver com o cabelo sem creme
Sobre dividir um prato pois não ter grana pra comer,
Sobre não beber o que quer pois se não falar pro café
Sobre ser convidado e achar que isso basta pois tá todo mundo na merda
Sobre trabalhar e não receber.
E se tem um negócio que eu aprendi, é que quando um vai todos vão juntos.
Todos tem que ir juntos, quando é de verdade a parada tem que acontecer.
E ter quem me espere pra jantar
Já tentou vender poesia ?
Eu já, queimei a carteira que só tinha uma assinatura, sai pra rua tendo lar.
Nem discuto com diz quem diz que vive sem ar(tista)
Não vale a pena discutir com mentiras.