Um cão
Um cão atravessa a rua absorto
Leva em suas passadas
O rumo dos instintos
O desaprumo dos anos.
A pele sarnada
Os pelos rarefeitos
Denotam a carência
Dos tratos já extintos.
As unhas crescidas arranham
Os passos de sua marcha.
Uma moto cruza célere
De súbito, seu trajeto
O bicho pasmado estanca
E fita surpreso
Por sobre o focinho
Aquele suposto animal
Que ronca barulhento
A interromper seu caminho.
Chega ele sozinho
Ao outro lado da rua
Cheira o meio-fio
Levanta uma pata traseira
Urina nele, vadio
Balança a cauda repetidas vezes
E sai capengando serelepe
Pelas calçadas sem rumo
A sonhar com cadelas
Todas lindas e no cio.
Um cão atravessa a rua absorto
Leva em suas passadas
O rumo dos instintos
O desaprumo dos anos.
A pele sarnada
Os pelos rarefeitos
Denotam a carência
Dos tratos já extintos.
As unhas crescidas arranham
Os passos de sua marcha.
Uma moto cruza célere
De súbito, seu trajeto
O bicho pasmado estanca
E fita surpreso
Por sobre o focinho
Aquele suposto animal
Que ronca barulhento
A interromper seu caminho.
Chega ele sozinho
Ao outro lado da rua
Cheira o meio-fio
Levanta uma pata traseira
Urina nele, vadio
Balança a cauda repetidas vezes
E sai capengando serelepe
Pelas calçadas sem rumo
A sonhar com cadelas
Todas lindas e no cio.