Quadro cotidiano

Em um sistema,

Corrompido pela posse.

Entrelaçam-se desejos

Submetem arqueiros

Louvam corriqueiros

A corar de sabedoria

A quem nem sabia de sua ousadia

Esquece que a tênebre cavidade ideológica

Se passa por uma corrente posta

Desenvoltura distópica e alegórica

Organiza o meio, sem freio, sem razão

Apenas estende as mãos.

Cegos a enxergar solução em uma convicção repetidamente notória.

Se investe de glória.

Desanda sob uma entonação subversa.

E se conversa, ao que discorda?

Não se enganem por um lado.

Há sempre um contrato, satisfatório ao opressor.

Liberdade ainda que tardia

Sol do meio dia

Noite tranquila

Fluxo contínuo.

Não há mais sons de sino.

Conformidade?

Lealdade?

Ao que é divino, ou humano propriamente dito?

Quando não se mente

As pessoas sentem

Quando representa

O diabo tenta, e tenta com todas as armas

Para não se perder em trauma

Envolve-se de luz.

As vezes essa o conduz

Mas nem sempre é fácil

Puxam o traço

A locução

De leve então

Se muda uma opinião!

Ponto cego, por beiradas

Aniquiladas de intuição

Se entregam em vão

A um ardor que tem cor e tem cheiro.

Mova-se por inteiro!

Saiba que as lacunas se sublinham para delimitar.

Ouça o coração!

Ele realmente está a gritar.

Aliados estão a se questionar.

Questionem, inspirem, aproximem

Mas não deixem de falar.

Falem ao amor, não permitam a dor.

Ainda que a dor pareça constante é apenas um instante.

Saiba que a maldição do mundo envolve o poder.

Mas para que?

Se o destino é um só.

Sem embrolios nem nó.

Te questionarão e até te dirão que você não é o que é.

Afinal, o que nós somos

Se não um amontoado de descobertas e escolhas.

Não deixem que digam o que são ou não são.

Afinal, ser é um privilégio de quem escolhe.

Não ser é um privilégio da repressão.

Ainda tento, sob olhares fulgurosos ser o que tento.

Não é preciso acreditar.

É preciso ser,

E sendo...

Tudo pode mudar!