A quem pertence o horizonte?

Ao mar que nele se perde?

Ou ao sol que nele se esconde?

À lua que dele renasce?

Ou ao vento que nele se expande?

Ao apaixonado que o fita calado?

Ou ao encantado que o fotografa?

Ao sonhador que nunca o alcança

Ou ao filósofo que nele debruça?

O horizonte não está preocupado

Se alguém reivindica sua posse

Pois se exibe quieto e deitado

Sabendo que dele só querem a pose.

Pois todos miram o horizonte

Mas horizonte é abstrato

De tão líquido, toma a forma

Que enquadramos no retrato

O horizonte é solitário

Ainda com muitos a lhe admirar

Pois quem o olha não o busca

Busca o que nele não pode alcançar

O pôr do sol que leva a fama

A lua nascente que hipinotiza

Por trás de tudo há um espetáculo

Que o horizonte não protagoniza

Por isso com o horizonte eu flerto

Quando o olho, ele me olha também

E se me perguntam se olho "pro nada"

Respondo que o nada transcende o além.