domingo de inv(f)erno
o alarme toca.
já é manhã calorenta de mais uma segunda-
feira, ainda não sei o que fazer da minha vida,
colocar meu melhor pijama e voltar a dormir,
parece aconselhável.
os passarinhos cantam.
o amanhecer traz a terça-feira, talvez um dia
bom? ou só mais outro dia para completar o
calendário rasgado da minha parede.
a insônia vem.
trazendo a quarta-feira, vejo a chuva bater na
minha janela, vejo a rachadura na minha
parede, devo consertar?
o sol invade meu quarto.
a quinta-feira chegou reluzente, porém um
problema, é muita claridade para quem está
acostumado com um degrade de escuridão.
o meu celular toca.
estou exausto de me acordar na sexta-feira, já
estou cansado e ainda nem é domingo, agora
escuto os galhos das árvores baterem nas
janelas, será que eles se sentem solitários
igual a mim e querem entrar para conversar
comigo? acho melhor voltar a dormir.
escuto o rádio tocando.
mais um sábado, eu gosto das tardes tediosas
do sábado, mas sinto que o inferno está
próximo ou devo dizer o domingo.
a monotonia bateu na minha porta.
domingo, por que todos gostam do domingo,
menos eu? devo me preocupar por ter essa
ideologia diferente do domingo? bobagem! é a
pura mesclagem de sentimentos em um único
dia.
ah, por que me sinto assim? devo me
preocupar com a chegada do inverno? ops, a
rachadura continua lá ainda, o que fazer para
consertar ou será que devo deixar lá e me
preocupar depois, para simbolizar o meu
fracasso?
estou escrevendo em uma quarta, de acordo com o meu calendário rasgado,
devo comprar outro novo?