Cigarra
Cigarra (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)
A primavera inicia-se forte,
Pois o sol do meio é de morte.
Não tem piedade a ninguém.
Dificilmente ver, na rua, alguém,
Que não transita pela sombra,
Sem fazer uma pequena manobra.
A tarde vai chegando,
O calor, até quando.
Nas árvores do florido jardim,
Com flores e perfume de jasmim,
Um ruído forte e lindo,
Aos poucos vai sumindo,
Para recomeçar mais uma vez.
Canta uma vez,
Quem sabe duas a mais.
O som forte é demais.
Querem acasalar.
Querem também um lar.
Cantam até morrer.
O canto faz tremer
O ouvido da pequena criança,
Que tem medo de onça.
A cigarra canta feliz
Suavizando a noite, bem próxima da Igreja Matriz.