Outra identidade
Para me livrar da maldade,
Da mórbida curiosidade,
Ao expressar minha verdade,
Virei pura ambiguidade!
E para eu poder dizer,
Tudo o que estou querendo,
Sem ter que me desdizer,
Negando o que estou fazendo,
Eu assumo outro sujeito
Parecido com meu jeito,
Que possa dar um efeito,
Ainda que imperfeito,
À minha revelação.
Sendo, pois esta a razão,
Da minha inquietação,
Levanto aqui a questão:
Assumo outra identidade?
Adoto uma personagem?
Arranjo um pseudônimo?
Ou crio uma falsa imagem?
Eis a dúvida Mais cruel.
Que o meu eu lírico tolhe.
Cobre meus olhos com o véu.
E o meu coração encolhe.
Mas não vou beber o fel,
Da mente que se recolhe.
Poetizar "limão com mel".
É o quê minh'alma escolhe.
Adriribeiro/@adri.poesias