Ridículo é ser de mentira
Todas as manhãs,ela abria seu armário e se vestia das projeções e expectativas que os outros tinham sobre ela.
Ela calçava preto, estudava métodos, ouvia instrumental, comia pizza.
Quando na verdade ela queria calçar cores, estudar poesia, ser romancista, bailarina, ouvir Rock, tomar um buffet variado de sopas.
Uma tonelada de mentiras sufocavam sua verdadeira essência, disse muito sim quando na verdade queria dizer não, tudo em busca de uma aceitação.
Mas que vida é essa que custa a morte de quem sou? Que tipo de aceitação é essa, que rejeita tudo aquilo que eu aceito?
Infeliz é a felicidade que engole o padrão.
Aquela alma tão profunda se escondia debaixo de uma plástica artificialidade, só para não ser taxada por ridícula.
Mas, o que há de mais ridículo em ser artificial?
Profundidade é quase um palavrão, um delito quase que sem perdão, por isso não?
Uma hora a verdade deixa cair a "máscara", pois chega um instante que a alma exaurida de fingir, contra a parede dá o ultimato.
A alma dela deu um ultimato, ou rasga a verdade e corre para ser quem de verdade é, ou morre infeliz tentando satisfazer as insaciáveis projeções dos outros.
Ela decidiu ouvir as súplicas de seu coração, e jogou no lixo, todo o lixo mentiroso que a cobria.
Desde aquela decisiva manhã, ela abriu seu armário, e se vestiu de colorido, de rock, de poesia, de essência, dela mesma. Já não tinha mais medo de ser taxada de ridícula, porque entendeu que ridículo mesmo é ser falsidade. E os "amigos", a "felicidade", a "aceitação" ? Tudo aquilo que te custa a vida, não tem valor algum. Ainda bem que ela aprendeu!