prazer, otária
cansei de ser
não sei
quem eu sou
e por quê?
cansei de estar
o corpo pesou
por conter demais
águas passadas
e mágoas cansadas
se é falta de amor
ou excesso do mesmo
não saberia dizer
sei que a cabeça dói
sei que o mundo dói
sei que a gente acostuma
com a dor
mas por quê?
não devia ser assim
devíamos olhar para as feridas
encarar o medo nos olhos
dançar com os fantasmas da memória
e deixar ir
deixar fluir
essa cachoeira interna
de mágoas passadas
e águas cansadas
a gente deveria se perguntar
por que dói tanto?
perceber o que perdemos
respeitar os nossos lutos
os nossos processos
cansei de ser “otária”
eu sinto falta dos bares
dos mares, do amor
e do sol se pondo no rio
assim como você
eu sinto tantas faltas
mas não me falta:
a m o r
e como o Dom Quixote
do Engenheiros do Havaí
é por amor às causas perdidas
vá! é por amor às causas perdidas
que permaneço em casa, otária
quem sabe assim
eu não acolho a minha dor