Solto os olhos na luz

Venho agindo estranhamente;

o espírito à cintura, feito faca amolada,

acossando o papel

em busca de versos grandes,

algum que vos expulse o coração.

O braço longo;

nada de leituras picadas,

calhamaços de amor que cansam em volta o que existe,

coisas que parecem leves se arrastando ao nada.

Ando à inclinação estranha de um poema;

A tábua curva há de ter razão no verso:

toda crença passa de tamanho o meu conhecimento;

mas solto os olhos na luz

como passada alongada à descida;

deixo-os bambos como nos terraços.

Não vario a preferência num poema: ajo estranhamente,

como é seco o vinho que se bebe;

nem tenho consciência de outra coisa alegre e seca como o vinho,

que bebo e cresce o coração como me cresce a barba.

Meu tamanho é livre e dos que me cercam alto: os poetas.

O resto são coisas pequenas que andam sobre mim.