Da Janela e o Letreiro

Sou um restinho daquele vento que não foi ventado

fico pelas janelas durante a noite, poucos carros

às vezes sou um prédio e fico estático olhando meu reflexo

são tantas luzes, quando vejo, sou uma gota colorida escorrendo

pelos para-brisas e sumindo ao chegar junto dos faróis

devagar, bem devagar, até a própria noite escurece

os carros já não passam mais, apagam-se algumas luzes

sou aquele letreiro que resta, piscando em vermelho

devagar, bem devagar, até a própria noite anoitece

sou essa lágrima que quer cair, mas não toca o próprio nariz

sou essa voz entalada, esse grito guardado, esse silêncio acorrentado

sou essas mãos passando pelo rosto, esses dedos amassando as sobrancelhas

sou essa luz que de repente se acende e cria o descompasso

e assim a vida passa e eu passo por ela pensando ser o único

que passa a madrugada passo a passo.

Vitor Romano
Enviado por Vitor Romano em 05/08/2020
Código do texto: T7026545
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