MÃOS
MÃOS
Eu vejo as mãos que se bate
palmeando o pódio o ódio.
Bate pandeiro, bateria bumbo
Bate no rosto no gosto no prumo.
Eu vejo mãos que se pegam e
acariciam-se, mãos que se ama
que se lavam... Lava o rosto lava
o corpo, lava o gosto. Vejo mãos
acenando adeus, apertando as
saudades, abanando a vaidade.
Mãos que ensina e assassina
moldam o poema edificam a
rima, manuseia o nó e desata a
gravata. Mãos que entrega moedas
e regram a ganância do cão, mãos
que enforca e desentoca,
e acertando o buraco da broca.
Eu vejo mãos orando para a alma
postas para o céu implorando
para o santo, mãos que enxugam
a pranto. Mãos, operando o coração.
Antonio Montes