No silêncio

O silêncio da madrugada tudo consome

Escuta todo barulho, o passar suave do vento,

O latido longínquo do cão,

O gemido dos casais dando corda ao tempo,

O respirar tranquilo da criança que dorme,

O meu piscar demorado, sonolento.

O silêncio da madrugada guarda todo segredo

contado em sussurros, declarado ao pé do ouvido.

Um crime foi cometido; outro, declarado.

Mas o silêncio tudo guarda para si.

Tranca no coração de quem ouviu, de quem viu

E joga a chave fora no rio do sono que desliza

na escuridão sem fim.

O silêncio da madrugada consome tudo, guarda tudo!