Desquarentenando...
Teus sentimentos,
essa tapeçaria cheia de tantos nós macios e diferentes,
faz de nós amantes distintos, mas seres ausentes,
um do sol, outro do dia, dentro de ensolaradas noites.
Distraído te despeço em pedaços interessantes de raras linhas
e tua companhia se escurece,
a sedução padece,
continuamos o que somos, sós e ausentes.
Tua presença me ausenta
e em cada recanto estéril de tua vida
minha mão te alcança e brinca e zomba.
Exilo-me em minhas palavras cheias de vinho.
Nem morres, nem vivo, somos deum ócio?
Proponho-te o amor,
tento entender-te calmamente,
ponho em teu amplo espaço todas as minhas sementes,
mas nenhuma germina.
Indefensável pandemia, quase morte certa,
amara agonia, onde faço estes versos
que apesar de versos estão em minha carne
a olhar o mundo escondido entre as paredes de escuro perigo.
Lê-me nos rios de minha alma o quanto triste é a solidão,
Mas eu coração não está triste, sobrevive entre os poemas quarentemados
Porque a esperança não me sai do lado,
o que me transporta para muitas esperanças livres.
Poema inédito (05/07/2020)
Paulino Vergetti