Calada

Alguns dirão que é saudade, eu nada direi. Às vezes o vento sopra mais forte e não há como conter.

Se todo silêncio se acumular do outro lado de lá, do lado de cá vou tocando. Pode ser um bolero ou jazz, pode ser até o assovio da nossa canção...deixemos tudo pra lá então!

O que guardo, eu não uso.

O que não uso, mal me serve!

Desculpe a sinceridade, mas nada que brilha, se esconde.

Eu me entendo em partículas sem fim.

Eu me vejo infinita longe daqui...

Eu escuto o som das águas dentro de mim; eu sedenta, saciando-me enfim!

Se fecheis as mãos, escapo nos vãos dos dedos seus, mas se apenas abraçar-me demoradamente, jamais ouvirás meu adeus!

Morada em mim e em ti.

Apenas!

Eu componho sua história

Faço parte da sua coleção

Sou um pedaço de tudo.

Eu vou falar de flores por todo meu reinado. Estampar seu sorriso em todos os muros, em todos avisos.

Eu vou fingir demência, esquecimento. Ignorar o sofrimento de ter que viver sem você. E no fim, eu pago as contas, mas você pagará também!

Agora eu posso calar.

Os gritos foram dados. As mágoas cuspidas. As palavras encontraram vida... de forma que, agora eu posso calar!