No fim de todas as coisas
O sono não veio
Aliás, já faz um bom tempo que não vem.
Sei que é madrugada
Pois já faz silêncio, e não ouço mais nada.
Me pego pensando, mais do que me mexo
Reclamo, mais do que agradeço
Desabo, mais do que me ergo
Sinceramente, nem me reconheço.
Fico por horas me questionando
Me punindo, forçando o choro
Lembrando do passado
E tudo se moveu, só restou eu.
A água do café secou
As migalhas do pão, as formigas levaram
As lágrimas, se Juntaram as ondas
Que quebram na porta, e choram.
Ascendo um cigarro
E na tv, tudo se renova
Os animais saem pra rua
E os homens ficam em casa
O universo fala o tempo todo
E nós somos surdos o tempo todo
Minha caridade precisa ser postada
Se não, não vale, não levanta meu ego.
O vento nas árvores é lúgubre
Quando bate, é pesado como terra
E como um beijo no vidro do ônibus
É a saudade dos dias de sol, da velha era.
Cada um se pune por algo
Por não dizer a verdade
Por chutar quem está por baixo
Ou ser outra pessoa, por simples vaidade.
No fim de todas as coisas
Nasce outras experiências
Seja vida ou morte
Aproveitemos nossas existências.
Um abraço, até uns meses atrás
Não fazia falta, era costume
Mas abusamos demais do que não nos pertence
E estamos perdendo repentinamente
De um dia pro outro
De um pro outro
Num segundo
Acaba apenas o seu mundo.