Eu quero é ser normal
Amor! Amor! Amor! Amor!
Foda-se o amor!
Dane-se as regras, não das mulheres,
Mas das Leis.
Que a vida morra e não haja ressurreição,
Não preciso de chão sob meus pés.
Eu quero é ser normal!
Droga de paz!
Seja errante e não encontre corações para pousar,
Afim de o dilaceramento humano se perpetuar.
Que a morte seja a única vida para os homens
E tudo que vejo agora, torne-se uma lembrança apenas.
Eu quero é ser normal!
Eu quero é ser igual ao seu José e à dona Maria,
Com a mesma tinta no sangue,
Sendo minado um pouco o dia todo
E roubado a cada hora do dia.
Eu quero é ser normal!
Eu quero é ser igual ao seu José e à dona Maria,
Envelhecendo antes dos vinte,
Morrendo da mesma morte do SUS,
Acreditando que amanhã será melhor.
Eu quero é ser normal!
Eu quero ser igual ao seu José e à dona Maria,
Com o mesmo peso apoiado nas mesmas pernas finas
E um pedaço de pão por dia.
Eu quero é ser normal.
Igualzinho ao seu José e a dona Maria,
Morando invisível num viaduto ou marquise de um prédio
Na rua de uma cidade qualquer.
Sem os mesmos direitos de muitos que não se chamam
Nem Maria e nem José.
São muitos os Josés e as Marias
Sem direito de ter direito de ser chamado gente,
De um abraço, um sonho.
Uma vida.