Sociedade sobressaltada
Gilberto Carvalho Pereira
A cidade sempre atemorizada,
O medo da imutável escuridão
A mãe, de cansada vida atada
Chora pela filha na erma solidão.
Sob o feitiço pernicioso do vício
Vagueia pelas sombras da viela
Buscando sexo qual cadela no cio
Uma vida devassa de nula cautela.
Percurso de ida quase sem regresso
Embalde ela luta pelo que sobrou
De vans tentativas de progresso.
E da incerteza emerge o suplício
A mãe, em desespero, reza, vela!
No silêncio da madrugada vigia.