PERGUNTAI, PERGUNTAI
Senhores donos do mundo,
Senhores carrascos,
Perguntai, senhores, perguntai
àqueles que estão condenados
nos corredores da morte
dos hospitais, penitenciárias e que vivem na miséria absoluta
Perguntai também aos que moram nas encostas dos morros
Aos sem teto, sem lar, sem emprego e sem cidadania
Aos que vivem debaixo das pontes e viadutos
inclusive as crianças que dormem em cima de pedaços de papelão
Perguntai, Perguntai:
Quem deles querem morrer
mesmo sabendo que estão condenados
por doenças, fome, miséria, violência...
Perguntai, senhores, e tereis
sem dúvida uma resposta surpresa
- Ninguém quer morrer
Tem mais: eles sabem
Todos eles sabem e intuem
Que seus sofrimento e condenação não é destino
Eles sabem que Deus lhes concedeu a vida
E que ela foi corroída e roubada
Em tenebrosas transações pelos poderosos
Pela ambição desmedida e crueldade abissal
Os miseráveis sabem quem são seus carrascos
Quem sabe depois do imenso vendaval
Eles se levantem e exijam uma nova sociedade
Tremei, Tremei, donos do mundo. Inté.