Voltas e Estações
O ingresso no outono frustrou.
Todo dia o céu acinzentado,
Cheio das nuvens passeando, caprichosas de seus papeis:
Nutrir o opaco dos dias da estação
E mostrar o caminho dos ventos
Que não iremos sentir,
Pois são os ventos só delas.
O dia nem se termina e já tem cara d enoite
Como uma criança pirracenta,
Encerrando as brincadeiras com suas vontades...
Quem tem saído de casa, nessas horas,
Suspira em seus regressos,
Na condução lotada, nas pedaladas cansadas,
Ou na caminhada quase aliviada,
Empurrada pelo vento de Oiá
Passando fininho.
Dentro das paredes de casa,
Muitos outros mastigam o dia e suas horas,
Em meio à melancolia crescente
Do translúcido pouco iluminado
Que marca o calendário, a passagem
Eliminando dias na espera da nascente normalidade
Agora tão desejada quanto qualquer festival...
Devido ao resguardo e confinamento,
A estação humana agora é distinta:
O país que só tinha verão e inverno
Experimenta, agora, sua população
Que está às vistas de florescer,
Primaverar
Despreocupada se a Terra, em seu hemisfério sul,
Estará aos contornos do outono, com folhas cadentes
Ou o inverno, com agruras do ar seco...
As pessoas vão, despreocupadamente,
Primaverar.