Voltas e Estações

O ingresso no outono frustrou.

Todo dia o céu acinzentado,

Cheio das nuvens passeando, caprichosas de seus papeis:

Nutrir o opaco dos dias da estação

E mostrar o caminho dos ventos

Que não iremos sentir,

Pois são os ventos só delas.

O dia nem se termina e já tem cara d enoite

Como uma criança pirracenta,

Encerrando as brincadeiras com suas vontades...

Quem tem saído de casa, nessas horas,

Suspira em seus regressos,

Na condução lotada, nas pedaladas cansadas,

Ou na caminhada quase aliviada,

Empurrada pelo vento de Oiá

Passando fininho.

Dentro das paredes de casa,

Muitos outros mastigam o dia e suas horas,

Em meio à melancolia crescente

Do translúcido pouco iluminado

Que marca o calendário, a passagem

Eliminando dias na espera da nascente normalidade

Agora tão desejada quanto qualquer festival...

Devido ao resguardo e confinamento,

A estação humana agora é distinta:

O país que só tinha verão e inverno

Experimenta, agora, sua população

Que está às vistas de florescer,

Primaverar

Despreocupada se a Terra, em seu hemisfério sul,

Estará aos contornos do outono, com folhas cadentes

Ou o inverno, com agruras do ar seco...

As pessoas vão, despreocupadamente,

Primaverar.

Crônicas de um Ignorante
Enviado por Crônicas de um Ignorante em 08/04/2020
Código do texto: T6910747
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.