A decadente casa, Ana C. e outros becos
A fumaça de meu cigarro imagético
tem que ir pras esferas
e me espirrar de volta
senhas
comodidade aqui no lastro
esse choro convulso
veja
tenho pulso
tenho Ana C. na gaveta.
A fumaça de meu cigarro imagético
contorna sua cintura
penugens marcas de nascença
não pede licença
e entra
senha grenha fenda
ofensa seria
se não partisse malevolente pela manhã
das nicotinas
assoalhos e cortinas mortas sem desculpas.
O trenzinho antiquado ferrugem
passa pela ponte negra de século
e vejo daqui
decadente casa
outros becos
outros medos
permanecem aqui
em meu espectro nos umbrais de Kardec
e nas suas
furibundas
nauseabundas
noturninhas rondas.
Meu destino de estúrdio
minha cama é a mesa
que analgésico
antisséptico
dormitei.
Madrugadas geladas
doidas bocas pintadas
risadas malvadas
amarguradas alvoradas
e o Rio Grande
lerdo lento lamacento lamuriento
entre suas pernas
acossando a vigília
e demarcando a fronteira metafísica.
Artimanhas
a estrada estranha
poeira entranha.
A falsa aranha
que arquiteta a teia sobre a sina
escapou pelas tábuas corridas
para o porão dos disfarces oportunos
e ontem.