LÁ
Lá onde os olhos do dia,
Vêem a boca da noite
Na barriga do monte
Está prenhe a lua
com as mãos de vidro.
Lá onde o rio chora.
E o mar dança
Nos braços da ternura,
Se esperguiça o vento
Nas tranças de tristeza.
Lá onde o navio grita
E o barco tem medo
Se vê uma nuvem de prata
Como charcos de papelão
Nos seios da madrugada.
Lá onde nos ombros da casa,
com janelas de Solidão
E as cortinas de aço
Próvem um cálice d'amargura,
E no céu de purpurina.
Lá onde os vdros de platina,
como cortiças de safira
Naquelas mãos de rubi
São como umas jóias de segredo
Onde segredam as noites.
LUÍS COSTA