SEM REJEIÇÃO

SEM REJEIÇÃO

Sofra do coração e morra!

N'uma escadaria da vida no pulo

ou na carreira...

N'um choque de sentimentos

em uma partida de um belo viver

ou nas coisas mais fuleira.

Morra, na dividida ou na pressão...

Nos centavos de uma força qualquer,

ou com um choque de confusão.

Morra no sonho batendo boca

com um homem menino ou mulher

... Nos prazeres de um amor

ou no pesadelo qualquer.

Ao se deitar para uma madorna,

morra! Morra nos raios de um alvorecer

morra pelo impedimento de um sono,

ou talvez morra... No tratamento para

não morrer.

Sofra do coração... E morra!

Nos transmites de um plano, na alegria

de família, de uma roda...

Ou na raiva de um fulano.

Morra acordado dormindo com um

olhar na janela uma passada pela

porta ou um sorriso cochilando.

Morra n'um vacilo qualquer!

Já que não pode segurar a morte,

morra de tédio... Pelo sul pelo norte

morra incumbido na paciência ou

atirado sob feitos do strez.

Morra tomando chá, bebendo.

Morra com a boca cheia ou seca...

Escrevendo seus desejos... Morra

lendo. Morra n'uma mesa de operação

anestesiado sem saber, morra sob

carinho de uma paixão, morra comigo...

Morra com você.

Sofra do coração e morra!

Morra no tempo, fora do tempo

morra sabendo, sem saber...

Morra quando estiver vendo, morra

assim sem ver ou morra, quando

você querer morrer.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 10/03/2020
Reeditado em 11/03/2020
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