SEM REJEIÇÃO
SEM REJEIÇÃO
Sofra do coração e morra!
N'uma escadaria da vida no pulo
ou na carreira...
N'um choque de sentimentos
em uma partida de um belo viver
ou nas coisas mais fuleira.
Morra, na dividida ou na pressão...
Nos centavos de uma força qualquer,
ou com um choque de confusão.
Morra no sonho batendo boca
com um homem menino ou mulher
... Nos prazeres de um amor
ou no pesadelo qualquer.
Ao se deitar para uma madorna,
morra! Morra nos raios de um alvorecer
morra pelo impedimento de um sono,
ou talvez morra... No tratamento para
não morrer.
Sofra do coração... E morra!
Nos transmites de um plano, na alegria
de família, de uma roda...
Ou na raiva de um fulano.
Morra acordado dormindo com um
olhar na janela uma passada pela
porta ou um sorriso cochilando.
Morra n'um vacilo qualquer!
Já que não pode segurar a morte,
morra de tédio... Pelo sul pelo norte
morra incumbido na paciência ou
atirado sob feitos do strez.
Morra tomando chá, bebendo.
Morra com a boca cheia ou seca...
Escrevendo seus desejos... Morra
lendo. Morra n'uma mesa de operação
anestesiado sem saber, morra sob
carinho de uma paixão, morra comigo...
Morra com você.
Sofra do coração e morra!
Morra no tempo, fora do tempo
morra sabendo, sem saber...
Morra quando estiver vendo, morra
assim sem ver ou morra, quando
você querer morrer.
Antonio Montes