BOCEJO DOMÉSTICO

Entrei nas roupas

depois do bocejo doméstico

na manhã invernal.

Não tenho medo do futuro.

Penso que ele me suportará

pois não tenho a convicção dos idiotas,

tenho a dúvida!

A dúvida que me faz qualquer,

pensador das utopias

prosador das ficções

leves e lúdicas.

A dúvida me faz universal

na pequena aldeia onde moro

pequena aldeia de cidade grande

quatrocentos metros quadrados

de quase virtualidade do mundo

grande aldeia de calangos!

Vestido para grandes dias

deixo a aldeia para viagem.

Claro, de ida e de volta:

nenhum pedágio não pago

impedirá meu retorno

a meu castelo de cores grenás

em minha aldeia quase-virtual

incrustada em paradoxos urbanos:

Seguranças inseguras

Solidão acompanhada

Vácuos em meios materiais

Argumentos desalinhavados.

Como minha morena está bonita

Em seu novo corte de cabelo!

Durante meu bocejo doméstico

na manhã invernal

contemplando pássaros da aldeia

quase-virtual

vivo aquele momento da transformação

da ficção em virtualidade quase-real

momento justo da curvatura da vara

curva da vida

instantes memoráveis de quase-qualquer que sou.

Paulo Cezar S Ventura
Enviado por Paulo Cezar S Ventura em 28/02/2020
Código do texto: T6876479
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