BARULHO
BARULHO
Em algum lugar no barulho...
Alguém trabalha sorria, pia e chora
consome e se consome se apavora
envolve desenvolve fica, vai embora.
Em algum lugar no barulho...
Alguém, ama emana esgana, se sacode
atira pedra, desemperra e se agrega
em cima da cama, porre... Se envolve
nasce e corre.
Em algum lugar no barulho...
Nave voam e aterrissa em planetas
cava cova morre, fecha cara preta, careta
faz enxurrada com a brisa e mostra a
cara do capeta.
Em algum lugar no barulho...
Pedra vira mármore, buraco vira ouro
argila vira estatua telhas de casa tijolos
pele faz pelego, corda, cordão, tira de couro.
Em algum lugar no barulho...
O amor canta a fome janta a misera chora
o silencio, desintegra com barulho sob hora
e a paciência nessa do agora vai embora.
Em algum lugar no barulho...
O tinido zombe o zumbido atrevido, loco
o grito estronda a escuridão da noite
as lagrimas rompe a alma e desencadeia
o choro.
Em algum lugar no barulho...
Igrejas grita implora agregando, pedidos
o grito, reza ora almeja mulher e marido
o sentimentos se espanta com o volume
de tudo aquilo.
Em algum lugar no barulho...
Só o mudo silencia o seu limitado mundo
o vagabundo grita o pão como esmola
ergue-se espada para paz e degola o
pescoço do inocente surdo.
Antonio Montes