ENCRUZILHADA

Na encruzilhada da vida ajoelho e rezo:

Iansã, venha me valer.

Dai-me força, fôlego e fogo

Para me curar e crescer,

Curar-me de mim mesmo.

Dai-me força

Para livrar-me de meus monstros:

Eles me assustam.

Dai-me fôlego

Para correr atrás dos sonhos.

Dai-me fogo

Para cicatrizar minhas feridas

E curar-me dos estragos

Provocados por minhas fragilidades.

Hoje fui para a cozinha:

Assei peixe e batatas com pimentões

Para três de minhas dezenas de filhos

Espalhados pela vida nesse mundão de Ogum:

(Gostaria de todos perto).

Bebi pequena dose de uca

Só para matar a saudade do pai

E lembrar de nossas viagens

Em noites insones no seu leito derradeiro.

Saravá, meu pai!

Penso que decisão tomaria nesta esquina,

Que rota sugeriria nesta vida ladina.

Mas a cura é minha.

Deixe que eu siga,

Dou conta de mim.