POEIRA CÓSMICA
Sou poeira de estrela
Trazida pela tempestade
No ventre, à luz de vela
Em canto escuro da cidade.
Sou do tempo de andar de trem
De capital à beira mar
Muito bom lá pensar
Novas ideias trazidas do além.
É no vagaroso do rio,
De água antes aprazível,
Que sinto a dor correr fio
De sua veia, visível.
A dor maior é da ideia
Que corre o corpo, sem dor,
Mas sangra na cheia
Do rio, hoje sem pescador.
O trem virando a curva
Leva também um tanto de amor
Que se dilui na água da chuva
Espalhando-se no sopro de calor.