BICHO TREITEIRO
BICHO TREITEIRO
A poesia é um bicho treiteiro
... As vezes de madrugada, ladra...
Ladra que nem cão,
pela ruas vielas e corrutelas das cidades.
Em noite de lua cheia,
ela urra sobre pedra,
corre pelos trilhos
e embola sobre as areias da sua vida.
A poesia é um bicho, cheio de enguiço
... Sai pelos terreiros
cisca as folhas em baixo das arvores...
Venta jardins e polens
das folhas das rosas
e atira as pétalas das flores
sobre os trilhos das estradas.
A noite... A poesia, canta cheia de pena
e de manhã, apita sobre vias e rodovias
e sai flutuando sobre as ondas das águas.
Depois... Atraca no cais e navega sob
nuvens siderais.
A poesia é momento...
Momento de dor de alegria,
de tristeza e fantasia.
É uma expressão da noite,
um luminar de sol nascente
um voou da águia no azul límpido,
de um dia entre aurora e poente.
Antonio Montes