MIRTO E MARTA – CENAS DE UMA TRAGÉDIA (vs. II)
No ensaio da Unidos do Porto
Marta “Sarto Arto” conheceu Mirto Duarte
Ela sonhava ser porta-estandarte
Dele, dizia-se, trabalhar com obras de arte
Cheios de cortesias,
Trocaram cartões,
Tempos de flerte
Cigana leu nas cartas:
Terão conforto,
Mesa farta...
Jantares “à la carte...”
Marta boquiaberta...
Hoje é meu dia de sorte
Fique alerta, Marta!
Fique alerta!
Dona Mirtes, a mãe, advertia:
“Quem muito escolhe, pouco acerta!”
Namorara o Roberto,
Noivara o Alberto,
Ficara prenhe, talvez, do Humberto
Ou de algum outro incerto
Que estivesse por perto
Solitário trabalho de parto
O policial bateu à porta
Procurando o consorte,
“Meu Mirto! Condenado por furto?”
Mirto assaltara um carro-forte
“Infringira o semiaberto?”
Alguém dera parte
Pego de “Calças-curtas”
Mirto praguejou a falta de sorte.
Mirtes estava certa:
“Quem nasce torto, nunca se conserta...”
A viatura fechou a porta
Marta perdeu o Norte
Prostrou-se inerte,
Miltinho chorando no quarto
Quase surtou...
Mulher forte, não se fez de morta
Venceu os apertos
Vive livre, leve e "sorta"
Recado no telefone da Marta:
“Aqui é a Casa do Laerte...”
Marta espera não ser descoberta...
Não quer nem ver Mirto por perto
O samba corre “sorto”
Na quadra da Unidos da Porto:
“Marta mudou-se pra Jacarta
Se houver transporte
Pretende ir pra Marte
Deixou um recado ao Mirto
Desejo-lhe tenha um enfarte
E vá pro raio que o parta...”