Quero
Aos que pensam nos meus versos
Como um montante de letras,
Digo o que esclarece:
Eu hoje escrevo sonhos,
Escrevo olhos carregados, d’água e brilho,
Boca em sorriso e barriga cheia.
O que registro eclode de todo pedaço,
Toda faixa estreita que alguma raiz alcança.
Os sonhos são todos infinitos,
Até mesmo aqueles que terminam
No ponto final que marco em cor.
É um desejo de brinquedo, um desejo de sorvete,
Uma vaga na escola, um emprego
Ou mesmo um assento vazio na condução.
Minhas linhas são prazeres, a maioria não realizados
Daí o sonho, antecessor do verso.
Poema é identificação por isso:
Trazer um quê de anseio de todo pé no chão,
De toda mãe e pai, toda criança,
Todo empregado ou desempregado;
Na minha escrita vem o artista anônimo,
Que faz malabares com eventos cotidianos
Tentando explicar aos que leem meus versos
Como um montante de letras desatropeladas
Que hoje eu escrevo sonhos.