MEU PRIMEIRO DESERTO

Minhas costas já trazem sinais do tempo,

Tempo esse de amor, de solidão, de melancolia.

Ai? Que dor é essa?

Dor de gente

Dor de gente sofrida,

Sinto um grito desvairado

Que murmura em meu ouvido

Grito de fome, de sede, de inquietação,

Ai? Meus tímpanos?

Tenho rara tristeza

Fruto da profunda decepção.

Acreditar em homens? Nem devagarzinho

Um dia tudo deixará de ser noite,

As ondas passarão sem nenhum grão de areia levar.

Como enfrentar a guerra

Se não há guerra para enfrentar?

O tempo. Ah o tempo!

Cura a alma e nos embebeda de sabedoria

Aqui estou sentado nesse devaneio

Aguardando a doce chegada

Chegada de uma bela flor trazer calmaria

Odor de esperança

Arranque-me, por favor, essa infeliz lembrança?

E traz-me de volta a minha sina?

Do meu primeiro deserto.