Viola das horas
Viola das horas
Amadureci desde cedo
Não tive tempo de brincar de pipa
Com a sorte.
A morte esteve presente
No sopro de minha vida
Dedilhada na viola das horas...
Vinha à canoa pelas águas do meu destino
Soprando as trombetas em tons divinos.
Desde a nascente
até o poente quarado
Pela brisa que linha e se desalinha
Sem dizer nada.
Ela se instalava no piado
Do guarda mortalha
Sobrevoando a casa velha
E levava consigo quem acabrunhava...
Amanheci desde de manhã
E quando já era tarde
Pescava no rio da vida
Sobre a canoa vinda
Tudo que a vida ofertava
Eu me via espelhado
Na água do rio
E sorria dos pássaros abertos no céu...
Totalmente maduro
No escuro da noite
Eu via as estrelas espalhadas no céu...
Sobre a canoa
Eu partia para o infinito
Adormecer com a poesia
Que lá estava para nos formar seresteiros.
Marcus Vinicius