A folha de Caê
A folha está em branco
e eu nem sei o porquê!
Me cala o canto
e cessa o escrever
Ouço Caetano na vitrola
bebo o vinho de uva shiraz
Agora Betânia que cantarola
mas a ânsia da palavra não satisfaz
A métrica sai imperfeita
como o corpo celeste índigo
que ora vejo da minha sarjeta
enquanto ouço, atônito, "Um índio"
E assim, de repente
que tristeza
começa a tocar "Tigreza"
cujas besteiras quero sempre
Qual será a próxima faixa?
Sinceramente, eu não sei
Mas bebo o vinho - que casta!
como se eu fosse um rei
Quando começa a tocar "Sampa"
eu me lembro do frio de Jundiaí
e do calor de Feira de Santana,
onde, por mero acidente, eu nasci
Agora, "Força Estranha", na voz de Gal
me faz pensar em sua transcendência
nesse jogo irreal
de nossa impermanência
O álbum finaliza com "Menino do Rio"
como quem diz: vou ali
nos agudos de Baby do Brasil
dar um abraço no menino Petit