COTIDIANO

Ouço risadas distantes

De conversas estranhas ao meu mundo

Ilusões jogadas no ar

Que distraem a vida de muitos

Mas eu não consigo andar distraída

Dessa realidade

Desse chão tão duro

Cada um tem sua forma

Seus contextos

Hoje pra mim não considero nada definitivo

O que é certo

O que é o que quero

São muitos contrários ao que penso

E que não deixam de serem certos

Sigo o caminho

Ainda rego jardins

Mas não colho flores

Prefiro que elas vivam toda a sua jornada

Sem a interferência fatal

Dos cortes dessa vida

Sei que cada vez são menores os momentos

Em que posso viajar nas canções

Ter uma longa conversa sem falar de dores

Sem lembrar o peso dos caminhos

Caminhos que tem tido mais espinhos que rosas

Se eu não tivesse o mundo dentro do meu coração

Eu poderia viver a alegria dos pássaros

Andar pelos caminhos dos campos

Voltar as minhas velhas tardes olhando o mar

E traçar poesia nas nuvens do céu

Mas meu coração tem o sentimento

Das dores que vejo no caminho e não posso curar

Dos erros que não posso mudar

E minhas poesias se dispersam

Porque acabam sempre envolvidas

Pelas frustrações do meu mundo

Que não é nada particular

Tem sempre novas presenças

Marcando com dores meu viver

As risadas continuam...

Glorinha Gaivota
Enviado por Glorinha Gaivota em 28/11/2019
Código do texto: T6805841
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