COTIDIANO
Ouço risadas distantes
De conversas estranhas ao meu mundo
Ilusões jogadas no ar
Que distraem a vida de muitos
Mas eu não consigo andar distraída
Dessa realidade
Desse chão tão duro
Cada um tem sua forma
Seus contextos
Hoje pra mim não considero nada definitivo
O que é certo
O que é o que quero
São muitos contrários ao que penso
E que não deixam de serem certos
Sigo o caminho
Ainda rego jardins
Mas não colho flores
Prefiro que elas vivam toda a sua jornada
Sem a interferência fatal
Dos cortes dessa vida
Sei que cada vez são menores os momentos
Em que posso viajar nas canções
Ter uma longa conversa sem falar de dores
Sem lembrar o peso dos caminhos
Caminhos que tem tido mais espinhos que rosas
Se eu não tivesse o mundo dentro do meu coração
Eu poderia viver a alegria dos pássaros
Andar pelos caminhos dos campos
Voltar as minhas velhas tardes olhando o mar
E traçar poesia nas nuvens do céu
Mas meu coração tem o sentimento
Das dores que vejo no caminho e não posso curar
Dos erros que não posso mudar
E minhas poesias se dispersam
Porque acabam sempre envolvidas
Pelas frustrações do meu mundo
Que não é nada particular
Tem sempre novas presenças
Marcando com dores meu viver
As risadas continuam...