Apostasia
Para ser poema
não penso a palavra:
basta o vazio
encravado n’água
o silêncio
que sobre a luz
se espalma
no corpo pensado
em nuvens
como nada.
Para ser palavra
não basta o poema:
é preciso o verbo
estancar o sangue
nas imprecisas linhas
do solitário canto
que se fez canção.
Como o suicida
instintiva o amor
na bestial ferida
insepulta da flor.