Apostasia

Para ser poema

não penso a palavra:

basta o vazio

encravado n’água

o silêncio

que sobre a luz

se espalma

no corpo pensado

em nuvens

como nada.

Para ser palavra

não basta o poema:

é preciso o verbo

estancar o sangue

nas imprecisas linhas

do solitário canto

que se fez canção.

Como o suicida

instintiva o amor

na bestial ferida

insepulta da flor.

ubirajara almeida
Enviado por ubirajara almeida em 16/11/2019
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