Caso por acaso
Um poema escrito na areia
revela a existência ou não das marés.
O sal conserva os fósseis nas rochas.
Não me lembro onde vi essa afirmação
mas a poesia a endereçou pra mim.
Minha caixa postal lotou-se de incertezas
então prossegui a caminhada sabedor
de que o cais dos meus pensamentos
situa-se à beira do mar...
O mar pertence ao poeta
que engoliu a noite
encostado no poste da solidão
fincado no solo arenoso,
próximo ao poema rabiscado na areia,
à beira-mar.
Caso a moça tenha lido a inscrição,
foi por acaso: o homem das rimas
amassara com criteriosa vontade
o coração dele.
Ah, a noite irrompera por acaso,
caso alguém pergunte.