Caso por acaso

Um poema escrito na areia

revela a existência ou não das marés.

O sal conserva os fósseis nas rochas.

Não me lembro onde vi essa afirmação

mas a poesia a endereçou pra mim.

Minha caixa postal lotou-se de incertezas

então prossegui a caminhada sabedor

de que o cais dos meus pensamentos

situa-se à beira do mar...

O mar pertence ao poeta

que engoliu a noite

encostado no poste da solidão

fincado no solo arenoso,

próximo ao poema rabiscado na areia,

à beira-mar.

Caso a moça tenha lido a inscrição,

foi por acaso: o homem das rimas

amassara com criteriosa vontade

o coração dele.

Ah, a noite irrompera por acaso,

caso alguém pergunte.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 05/11/2019
Reeditado em 05/11/2019
Código do texto: T6787646
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