Meu Eu
Gosto do gosto que eu gosto
E o gosto que eu testo degustar mas não gosto, eu detesto
Esse resto do gosto que gasta o apreço, eu desprezo
Mas prezo o sabor quando o gosto é modesto
O gostar que não desgasta nem risos nem gestos
Esse gosto é o que eu gosto de gostar e confesso
Não enjoo se o gosto é gostoso de certo
Não desgosto se posso repetir o processo
Nem reclamo se no gosto não há livre acesso
Nem explano à fulano e ciclano tal verso
Nem difamo o gosto que não me deixa aceso
Nem reclamo do gosto sem um gostar tão intenso
Não desgosto o gostar se um gosto eu esqueço
Por vezes erroneamente gosto de um gosto de momento
E nem percebo que gostei de um gosto de veneno
Se me vejo assim gostando desse gosto desonesto
Filtro os gostos e retorno à gostar do que eu quero
Esse gosto que gosto de gostar e acredito, mereço
É o gosto do desejo, que em via dupla gozaremos
É a demanda, a encomenda para que supra meu desejo
Mais demorada é a entrega, mais valerá o seu deleito
Saber o que gosto e desprezo, me faz gostar mais do meu eu mesmo
Me enganam gostos desonestos, mas gostando um dia acerto
Melhor um pequeno tão bom gosto
Que um triste mal gosto eterno