Kamikaze

Por não saber lidar com o status quo

se joga em uma odisseia, em busca

daquilo que crer que lhe preencherá

mesmo que no fundo do peito

ouça uma voz, sussurrando

que não é por qualquer meio

que a de encontrar.

Mas com os surdos aos sussurros

pula, em mais um braço alheio

uma conversa fiada sem, onde logo

percebe-se não haver profundidade

mesmo sabendo o final dessa novela

com roteiro repetido, dá se.

E perdendo-se, vai sua essência

e as cores dos seus sonhos

e por um breve momento, aquele

vazio que busca preencher

é coberto por uma névoa de flashes

de efêmera alegria, pois logo o braço

alheio se afrouxa e mostra, sua face

pois conseguiste, o que queria, deixando

a fria com mais algumas feridas.

E mesmo com os olhos marejados

de dor, olha se no espelho e se agarrando

a carência lança-se novamente

ao descaso de outro alguém

como um kamikaze sentimental

rumo á poços rasos.

C.A.Martins