MORRER DE AMOR
Sou esta nuvem que passa no céu
Este pastel que mata a fome na esquina
Sou este ser de rua
Que mata a sede de tua melanina
Sou este suicídio diário
Cujo horário passa a voz do Brasil
E silencio...
Como as gotas das chuvas
Caindo displicentemente sob a seca no cio
Quero ver-te vertigem quando o espelho me faltar o ar
Não se preocupe
Me chupe apenas
Tua língua quais nuvens
Haverão de passar por mim
Meu rim vai te devorar
Te aflorar
Te alforriar
quando eu te mijar
Pra fora de mim
E lá na lama
O sol vai te evaporar
E serás nuvem novamente
E me terás num beijo complacente
Como a gaivota ao acasalar
Escondida de todos os seres
Porque matar hoje de ninguém
Mais nada se esconde...
E eu vivo porque
Você não me esqueceu
De matar você em mim...