maio

Ainda faltam dias para o fim do mês,

Pra segunda pra amanhã.

Para o resto de tudo.

O ar estagnado sufoca o relógio

Já não sei mais sobre as horas

Se o agora é um nada, um vazio intransponível intransitável,

Simplesmente oco.

Já sobrevivi ao domingo, ao seu adeus.

Já velei outros corpos,

Já pedi perdão.

As mortes exalam perfumes

Cabem em caixas

Não mentem sobre o fim.

A gravata que aperta a voz

O elevador lotado,

só estaciona, nos andares ímpares.

Tenho que usar as escadas

Elas só descem.

Me levam a ruína ou ao inferno,

Tanto faz, já não sei a diferença.

Pouco importa se a porta,

Ficará aberta.

Não tem mais ninguém pra entrar.

E o mês acaba ali, na próxima esquina

é areia escorrida.

Esse ônibus tem sempre a mesma gente

Enganos estranhos.

É só uma folha nova no calendário

Talvez seja feriado,

E se possa comemorar, acordar tarde

com olhos de ressaca ou de pavor.

Na cidade sem fim

Já são seis

Marca trinta

Os carros atropelam os sinais

Vermelhos de sangue.

Que se faz agora¿

Lu Genez, 19\05\19

Lu Genez
Enviado por Lu Genez em 31/08/2019
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