Das pequenas coisas que falam e lembram

Capa de chuva à porta

gotículas atrás e ao redor

de pegadas

molhadas

silêncio na casa.

A configuração familiar

o hálito e o perfume que o hábito

fez esquecer

a poética do espaço.

À meia-luz de um negror

amniótico

e uma réstia de realidade

fria.

A linguagem pessoal do conforto

da presença ora ausente

e da sempre ausente presença que perdura

neste

ou naquele objeto

que a um oferece uma fala, e a outro, outra.

A campainha que é um conviva

o meio alterado

menor

e mais espaçoso

à janela

nossos duplicados rostos e gestos

as pegadas confundidas

com as tuas

em breve desaparecerão.