Poeta do fim do mundo

Os homens brigam pelo que acreditam

Políticos, Santos, deuses e plano astral

Mas o que o homem realmente venera

É onipotente centro comercial

Quantas notas vale uma vida?

Quantas cifras para poder se vestir?

Quantas moedas separam a fome,

Daqueles que vão se esvair?

Quanto vale uma marca?

Quanto vale o seu próprio nome?

De que vale rodar uma máquina,

Quando é ela que nos consome.

Por favor cavalheiro, um minuto de atenção

Declamo todos os dias aqui nesta praça

Para poder comprar meu pão

Vou declamar o que de mau há neste mundo

Peço que preste atenção

Para muitos sou vagabundo

Para mim renunciei a escravidão

No mesmo dia que percebi

Que se não há escravos não há patrão.

Se os meus não plantam e regam o solo

Teu dinheiro não te salva não.

Peço atenção minha senhora,

E me desculpo de antemão

Por tudo que vou falar agora

Mas o teu deus é o cifrão

Agora guardem suas notas

Não preciso disso não

Deixem apenas três moedas

Que é o preço do meu pão

Que a diferença entre a vida e a morte

A diferença entre a fome e a refeição

Amanhã estou aqui entre o acaso e a sorte

Desde já agradeço se voltarem ou não.