DESEJO

Eu quisera que a poesia nunca respirasse

A desolação desta vida material

Nem a dor do corpo, nem a fome, nem a sede

Nem a miséria física com todo o seu cortejo de sofrimento

Eu quisera que a poesia

Não falasse da ingrata vida real

Fosse apenas a cavatina da alma

A cantar a beleza de outra vida

D'outra vida mais serena e mais suave que esta

Eu quisera

Que a poesia fosse só um seio amigo

Onde o coração dilacerado

Pela seta cruenta de existir

Encontrasse o doce lenitivo para suas angustias...

Sim, bem quisera que a poesia

Nunca fizesse brotar nos olhos de quem a lesse

A lagrima de tristeza e sofrimento

Pela lembrança de uma vida cruel.

Quisera,sim, que a poesia

Fosse o oásis amigo no deserto da existência

Fosse sempre, no meio de amarguras mais imensas.

Um doce favo de mel.

Cecilia Davila
Enviado por Cecilia Davila em 13/07/2019
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