ALZHEIMER
Por mais que você me negue eu existo
Sou esta plantinha sem água
Mesmo na seca como cacto eu resisto
Não se esqueças que de meus olhos saem mágoas
Já te deletei de minha vida
Já puxei a descarga
A ferida tá cicatrizada
A boca ainda está amarga
Não tenho ainda outra mulher amada
Não porque não quis tê-la batizada
É que a raiz do meu peito
Está saindo da tua senzala
Ainda escravizada...
Eu sei ir ao banheiro sozinho
Me deixe em paz
Só me diga o que vou fazer lá
Se é pela frente ou por trás
As luzes do Natal estão se apagando
Quem somos, os presentes ausentes
Ou estamos nas lembranças
Da sacola do papai Noel
Amo este santo que adora trazer presentes
Suas carruagens de fogo (espera) reses
Seriam cães e esquimós puxando sua colombina
Sei lá! Mais adoro esta data
Em que é sexta feira treze
Tudo que vivemos
Tudo que não podemos ser
É assim um livro que não lemos
Assim imaginamos pela capa
Seu final antes de acontecer...
Tudo que passamos, passou...
Tudo que vivemos, viveu
Só não morremos ainda porque vivemos
Perder os que em mim vivem
Perder até esquecer quem sou
Vivo apenas nas outras pessoas
E nisso tudo tem um lado bom
Não guardarei mágoas de ninguém
Pois que perante a lei do esquecimento
Todos são peremptoriamente falando iguais...
E em se viver veremos
O que nos restou
Das lembranças
Das danças
Palavras
Das crenças
Doenças
E tudo passa na lei do retorno
Desde a vontade de se abrir o pacote de um picolé
E ver que mesmo que não queiramos
Desperdiçar todo o seu conteúdo...
O vento vem e nos rouba
As lembranças
Caem pelos dedos choram pelo chão...
E lá se vão nossas memórias
Escuridão....Alemão...E nem me lembro mais
O que estava escrevendo...Meu Deus qual o seu nome mesmo???
Não importa deixe pra lá
Porque o meu nome mesmo?
Também é deixa pra lá...
Mais amei nossa conversa
Mais do que estávamos falando mesmo???
AH SIM JÁ IA ME ESQUECENDO
QUANDO SAIR DEIXE AS LUZES APAGADAS
POIS ODEIO A ESCURIDÃO...