Somos poucos
Somos muitos,
Mas poucos.
Conhecemos a história
Dos líderes, dos mártires e dos poetas.
Castro Alves em lindos versos,
Chama atenção à liberdade
De expressar a eterna saudade.
Drummond não mais voltará à Itabira,
A Vale comprou tudo.
Noel Rosa sempre olhando a Estrela Dalva
Despontando a cada noite no céu,
Traz a magia dos bons tempos do carnaval.
Encantamos casais,
Não somos encantados.
Publicamos livros para poucos,
Pois os meios de comunicação não nos conhecem.
A mídia é para poucos
Que descarregam dinheiro em propagandas
Nos jornais, nas revistas.
O pobre poeta solitário
Encanta a lua com os versos,
Pobre em palavras, porém ricos em sabedoria.
Somos o mundo que se curva aos pés
Do cronista que fala do dia a dia,
Do compositor, em sua nova canção.
Somos fracos diante dos opressores,
Que possuem fortunas.
Somos também fortes sobre eles,
Pois temos a arte de juntar as palavras,
De fazer alguém feliz.
Ver o marido dizer um dos versos,
Que horas ficaram presos entre as palavras.
Somos fortes ao ver e receber críticas
De quem não conhece,
De quem nos prestigia.
Somos abençoados por Deus
Em dizer o amor em versos,
Em falar da natureza em prosa,
De fazer uma criança sorrir, com um conto.
De estremecer de medo o morador perto do cemitério.
Somos muitos, somos poucos prestigiados,
Somos o princípio da luz
Vinda do sol, da lua, da galáxia.
Somos a vida a cada fio
De lembrança, de memória.
Um dia seremos eternizados,
Com uma simples manchete de jornal:
Somos.