NAS RUAS DAS GRANDES CIDADES
Solitário, sinto toda a energia
Que emana de uma estranha multidão
E uma algazarra esparsa pelos arredores
Numa tarde ensolarada de outono
Enquanto caminho pelas ruas
Povoadas das grandes cidades.
Contemplo a dor que tomou conta
Dos semblantes sofridos de tantos cidadãos
Diariamente absortos e atentos
Nos seus afazeres cotidianos
Enquanto caminho pelas ruas
Povoadas das grandes cidades.
A pressa tem sido sempre o motor
Que move, na fria modernidade,
O ansioso caminhar de tantas vidas humanas;
Ela também me contagia com o seu frenesi
Enquanto caminho pelas ruas
Povoadas das grandes cidades.
Uma profusão de sonoridades e cheiros;
Uma profusão de culturas, etnias e credos
Apenas encorpam o caldo dessa mistura de sensações
Envolvendo a minha inebriada percepção
Enquanto caminho pelas ruas
Povoadas das grandes cidades.
Aqui e acolá, incendeiam sons e melodias
De estilos musicais para todos os gostos.
O meu coração vibra com cada batida
E às vezes degusto o sabor de uma canção
Enquanto caminho pelas ruas
Povoadas das grandes cidades.
Nos chãos sujos, nos cantos desolados,
Homens esquecidos dormem para se esquecerem.
E o meu coração se enternece ao ver
O espectro do desamparo na vida dessas pessoas
Enquanto caminho pelas ruas
Povoadas das grandes cidades.