A JANELA
Na janela havia;
Da janela se via;
Ele, a via.
Na janela havia um homem,
Barba comprida, branca, sem cuidado,
Roupas confortáveis, um tênis velho.
Um café.
Da janela, ele via o tempo passar,
Via a rua florir e depois, com o alvorecer do outono, as vê cair;
Ele via pessoas, sob a janela esfumaçada por seu café,
Via ela, via a rua, vivia.
Ele, o vidro, a via em movimento,
Havia meses que se postava ali,
Enquanto sorvia seu café.
Ali via como o seu microuniverso funcionava;
Ali se sentia parte do mundo,
Ele mesmo se via.
Via ela.
Ela, a via.