Morro alegre

do alto do morro alegre vejo a cidade se deteriorando

caminhando entre almas secas e desenfreadas, sem rezão de ser e estar

grito ninguém ouve

lamento antigas angustias da humanidade e ninguém ouve

indecoroso e assombrado pelas mazelas da mísera dignidade humana

grito e ninguém se importa, ninguém percebe

atentos a si e ao parecer para os outros

ignóbil mesquinhos e sórdidos se misturam uns aos outros

e ninguém vê, ninguém sente

querem ser vistos (por ignóbil, mesquinhos e aterrorizantes humanos sórdidos dignos apenas, de compaixão)

vazios de si, vagam pelas redes querendo encontrar algo para si

pobres, miseráveis, indecentes, fétidos e caprichosos

buscam o que não vale

buscam o que não é

buscam e não encontram

são bonecos quebrados e virulentos que tomam o mundo como o veem e acreditam que só isso existe

ninguém vê, viu ou verá

mas eles estão aí

e todos os espelhos estão quebrados.

-Patrick E. Pereira