"Insônia II"

"Insônia II"

Não é fácil de dormir quando aquela química toda, impregnada,

Macerada

Acostumada

Viciante e viciada

Não toma mais conta, nem do corpo

Nem da mente, nem de nada

Mantém no escuro do quarto

As luzes da consciência ligadas

As pálpebras dilatadas

As entranhas totalmente engessadas

Mãos paralisantes e paralisadas

Não há espaço pro riso

Nem pro sorriso

Nem lágrimas derramadas...

E o silêncio da noite corrói

Tudo doi

Os músculos do dorso se moem

...

Vira-se de um lado para outro lado

Sorrateiramente, de punhos cerrados

Barulhos calados

E mesmo quase anestesiado

Não se consegue dormir

...

Antes fosse a voz da consciência

Gritando uma falha, uma indecência

Antes fosse uma filosofia que transcendesse à ciência

Mas não é nada disso que ocorre

É só o sono que morre

Não se consegue dormir

...

E viro mil vezes buscando no fétido travesseiro

Um minuto que se percorra inteiro

Que tenha ao menos sessenta segundos

Para que eu no escuro do mundo

Consiga dormir!

Rodrigo Augusto Fiedler

Rodrigo Augusto Fiedler
Enviado por Rodrigo Augusto Fiedler em 11/04/2019
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