Papeleiros!

Esses papeleiros com seus carrinhos

Nas ruas, subindo ou descendo ladeiras,

Olhos atentos para as cestas de lixo

Nas calçadas e em frente as lojas,

Ou em lugares onde possa ter papelão,

Papel ou algum lixo aproveitável,

Recolhem o que podem de forma incansável.

Andam sem parar, parece que não cansam.

Não param pra comer ou beber algo,

Quase sempre o companheiro é um guaipeca,

Ou mesmo uma ou mais crianças, os filhos.

Afinal, a solidariedade e a fidelidade deles

São as marcas da luta desses papeleiros

Obstinada e celebrada pela perseverança diária.

Seu olhar firme, paciente e determinado

Às vezes dá lugar à fragilidade emocional

Quando uma marmita lhes é alcançada,

Afinal, alguém lembrou que eles existem.

Nesse momento de surpresa e emoção

O olhar ao alto acompanhado de um suspiro

Externa através do silêncio a gratidão.

Esse trabalho e sua importância social,

Quase sempre ignorados pelas pessoas,

Deveria valer sempre uma marmita a mais,

E sempre lembrarmos que um papeleiro

Certamente está trabalhando com fome,

Esperando encher seu carrinho no final do dia

E preparar nova batalha no dia seguinte.

Herivelto (Veto) Cunha
Enviado por Herivelto (Veto) Cunha em 18/12/2018
Reeditado em 27/12/2018
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